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Os dias são contados. O Tempo passa. E se caminha cada vez mais como se fosse um diário de um eunuco.

quarta-feira

Dia 57 - Consumo Impróprio



Em uma tela, a porra do facebook aberto com uma lista interminavel de pessoas sem vontade.
Na outra o bate-papo uol, tema sexo, sala diversidade sexual. Não pergunte.
Ai, tem o e-mail. Famoso com bate-papo no canto. Ele "blopa" e eu tiro o som.
E um blog com a frase, I UNDERSTAND AND I WISH TO CONTINUE.
As vezes, fica bem díficil te escrever. Aliás, que mania minha de escolher a pessoas mais impróprias pra contar o que não se deve. Foi sempre assim?
Talvez, as mais impróprias são as que mais merecem ouvir. Ou me ouvir. Talvez, seja porque eu falo sobre essas pessoas. Não me entenda mal. Você não é ruim. Só é imprópria para o consumo. Como eu. Como alcoól. Impróprio para o consumo, mas mesmo assim, delicioso.
E necessário.
O que têm sido necessário até agora? Tenho bebido mais por decorrência do trabalho. Uma noite, correndo pra lá e pra cá como um mulambo no bar. Suado, fedido, com minha camisa Johnny Walker colando e com uma garrafa de original na mão, eu penso. "O que estou fazendo?" Então aquela mesa, cheia de universitários espera até hoje a cerveja que veio parar com uma abertura certeira e intacta a tampa da garrafa, que agora, mesmo sendo tragada há tempos, de forma imprópria moralmente e vicinantemente, ressurge o gosto no meu paladar palatino.
Eu simplesmente, sentei e deixei pra lá. Onde é que está essa regra que diz que você não pode consumir o que vende? Ou o que trabalha? O que trafica?
Você têm de ser o consumidor principal. Eliminar atravessadores e ir ao fundo. Assim fiz. Eliminei a travessia e fiz uma ponte daquela garrafa pro copo, pro copo para minha boca, da boca para o "AH!" relaxante, que magicamente moveu minha mão no ar e mostrou o dedo pra gorda.
E que logo depois, mesmo de ter discutido, entendeu minha motivação. Ela faria o mesmo.
"Então, você entende que hoje tu tá por conta própria." Eu saí porta afora.
Caminhando porque precisava. Bebi porque queria. Levantei porque tô cansado.
Deve haver algo mais tangente no mundo. Enquanto isso, sou impróprio.
I UNDERSTAND AND I WISH TO CONTINUE.

domingo

Dia 55 - Como deve ser

Estava pensando aqui com meus botões um pensamento meio poesia concreta. Não sei como colocar isso de uma forma aceitável, bom, não aceitável mas, plausível. Quer dizer pra mim é.
As pessoas se matam de tentar se agradar e tentam sempre estar com um e outro, eu fiquei pensando se tudo poderia ser mais simples e sem rancor.
Eu, por exemplo, sou rancoroso, tenho rancor da maldade. Não consigo evitar. Do resto, não. Tá meio subjetivo. O que eu quero dizer é o seguinte: Quando eu gosto de alguém eu simplesmente gosto. E, quero estar com essa pessoa mas, se não consigo, não me entristeço nem fico feliz também. Se vão as pessoas mas fica o sentimento, a história. Isso não pode mudar.
È meio infantil e seria tão bom que todo ser humano realmente se amasse assim ninguém ia fazer intriga, mesquinharia nem pusilanimidades.
Sabe porque?
Não ia ter importância.
Se eu amasse uma mulher e estivesse com ela um tanto tempo e me dissessem que á viu com “fulano de tal” fazendo “coiso”, além de voyeur era fofoqueiro, eu provavelmente diria: “Tá. Brigado.” Pronto. Nada mais. Continuaria amando, e, quando terminássemos o que aparentemente seria indiferença se tornaria verdadeira lealdade porque ainda há amor.
Como sabemos que o verdadeiro amor nunca acaba, aquilo não seria a separação. Seria apenas ela indo, seu Amor voltando para um caminho ou indo para outro. Ela indo embora, eu indo embora. Ainda amaria ela e, eu penso assim.
Pense. Todas as pessoas que passaram por sua vida que você teve uma relação de amor e carinho ainda são os mesmos. Pode mudar um ponto de vista ou uma ideologia política. A essência nunca muda. Como eu falei, fica a histôria, a vivência. Apesar de que eu gostaria como disse antes de ser menos rancoroso. Como eu sou hoje, mas, preciso melhorar. Então, tento guardar coisas no meu peito que são imutáveis.
Mas ainda amo o André, meu amigo de infância que sempre faz cagadas comigo.
Ainda amo a Anna, minha parteira e empregada. Ela tinha umas tetas gordas e grandes que eu dormia encima babando, esses dias encontrei ela na casa de um parente. Chorei como um bebê. Agarrei-me àquelas tetas gordas e quase disse: “Anna, me deixa ficar aqui eternamente, nunca me tirar daqui, aqui é o melhor e mais quente lugar do mundo.”
Também meu primeiro amor. O platônico e o atingido. Agora amo só pelo respeito, mas aprendi tantas coisas que fizeram comigo de errado, especialmente o atingido.
Bom, não sei dizer mais. E era tudo isso que queria dizer e que é tudo que eu sinto. Só tenho a paixão da fala e isso não se passa por aqui.

quarta-feira

Dia 53 - Aqui os clientes choram



Aí ele estava chorando para os peitos dele. O travesti carinhoso com pachorra necessária o afastava. Ele começou a chorar e sentou a cara nos seios duros do traveco. Quando eu atravessei a rua passei bem perto e reparei na cara do travesti.
Estava com vergonha.
Reparei também no rosto do cidadão. Estava nem ai. E falava, “Me desculpa.” As lágrimas corriam pelo rosto, a baba grudada aos dentes e a boca aberta.
Desculpa quem? Ela. A noite. A Alma estatelada nos peitos. Alguém. Desculpar quem.
Agora já era, Mauro, tu tá fudido. Esse foi o nome que dei a ele. Um Mauro choraria nos peitos de um travesti. Um Antônio se afogaria no mar. Um Arnaldo escreveria poesias. Um Luiz atravessaria a rua encarando os olhos tristes e envergonhados do travesti.
É mais uma noite fria e normal no Bordel Gloria da Sodoma Rio. Aqui os clientes choram.

terça-feira

Dia 52 – Uma música country boa pra cacete


A música country foi o berço do rock n roll. Na verdade foi o tempero que impulsionou toda a transformação musical americana. Não sou pesquisador nem porra nenhuma que o valha. Mas da música country, do gospel, passando pelos cantos dos negros, assim o jazz foi criado e o blues amplificado. Depois assim, nessa mistura que é o mundo vêm o famoso rock n roll. Na verdade, não consigo pôr um dedo na ferida e dizer que foi nesse exato momento que o movimento do rock começou como definir o que é o surrealismo. Isso é expressivo. O Rock é impressivo. Está na vestimenta, no olhar, no jeito, no som variado, nas inspirações e antes de existir rock e seus ídolos beberrões e drogados existiam os cantores countries beberrões e drogados como Jerry Lee Lewis. Agora um momento de pausa no universo para respirar e escrever a próxima frase.
...
Jerry Lee Lewis é o espírito do Rock. Ponto.
Isso dito, pense num homem que se dedicou á ferrar com sua vida da pior forma possível. E ser um astro por isso. Você pensa que Jimi Hendrix era foda sacrificando a guitarra tacando fogo nela? Lewis jogava fogo no piano e continuava tocando Great Balls of Fire. Um sacrifício vivo. As pessoas destroem hotéis e acabam com a reputação de cantor hoje. Lewis apontou uma arma para um valet, roubou uma limousine e quando parado pela polícia pulou pro banco de trás e gritou “Ainda bem que vocês chegaram, ele estava descontrolado dirigindo feito um maluco. Vocês já prenderam ele?” Fora o repertório de músicas e seu talento nato para tocar piano. Uma velocidade e consciência musical enorme. Por isso, considerado o primeiro Astro de rock antes de Elvis, mesmo sendo do country, como Johnny Cash. Existia um compositor chamado Donnie Fritz que era amigo íntimo e escreveu uma música em homenagem ao mito e o mito resolveu gravá-la. É linda e eu garanto:
 
A vida de Jerry Lee Lewis daria uma música country boa pra cacete.

segunda-feira

Dia 51 - Pular de Bungee Jump - Check

A pequena princesa esteve comigo o tempo todo o fim de semana... O que aconteceu? Ela me acompanha nas bebidas. Ela é esporrenta. Ela é maneira. A única coisa que não pode entrar aqui... entrou. Não consigo tocar mais uma punheta pensando na Belladona porque vêm o rosto dela. Anyhow, anyway, bobiei e pulei. Fui para um ponto turístico aqui no rio. Dentro da floresta da tijuca. Passeando como quem não quer nada, á não ser me perder da cidade-selva e andar pelado depois de uma cachoeira apenas acompanhado de macumbas e cachaças. Não minhas. Não foi possível á partir do momento em que ouço passos na trilha... pus o calção e vi um grupo de quatro caras com varias paradas de escaladas subindo as pedras e se pondo em cima da cachoeira. Apenas olhei pensando: ou é rapel, ou é sarapatel. Era bungee jumpel! Quando eu vi o primeiro saltar aquela pequena distância, gritei na hora: Porra, eu quero!!! Subi correndo e perguntei como era, "é como pular para o chão sem cordas, com cordas." Quando olhei pra baixo, a distância parecia bem maior. Me deu um receio. O outro pulou na minha frente de braços abertos. Me senti dentro dele pulando para o infinito, transitando meu corpo, deslocando ar até o empuxo e o retorno. Eu queria mais ainda e com mais medo ainda. Caralho, eu sou muito cagão. Tive que respirar um pouco pra acalmar a adrenalina. Quando ele prendeu os pés eu não saltei. Apenas joguei meu corpo pra frente. A gravidade fez o resto. Abri os braços em pleno vôo. E aqueles dois segundos foram vitais para completar o sonho. Porra, será que dá pra cabular alguns itens antes da minha morte? Será que dá pra cabular a morte? Será que dá pra morrer assim? Será? Eu entendo porque existem viciados em adrenalina. Existe uma certeza na leveza em chegar á algo muito seguro e satisfatório beirando o limite pessoal. Pode ir de novo, tio? Com essa água caindo em mim bem gelado. Não tive coragem para outra vez. Apesar de querer. Como eu quero. Faltam dez. Agora parece mais próximo. Estranhamente minhas coxas doem depois do salto. Como se estressado o músculo. Muito satisfatório.

quarta-feira

Dia 49 - Mesmo que não seja comigo


Agora te digo,
Que mesmo que tenha o amor que queres
Não é metade daquele grande que te entrego.
Podes ser quem és, e ames bastante
Mesmo que não seja comigo.

Mas não é tudo, nem só por isso
Não deixei de te querer um só dia.
Estou contigo mesmo longe de minha vida
Pela felicidade que você tem, que custe a minha.

Escrevirei poesias, andarei em outros braços
Fingirei que não há ninguem do seu lado
E acabarei sendo quem sou
Só pra enganar o meu coração.

E não é por apreço, inveja ou revelia
Queimarei essas palavras, me darei em corpo
Ficarei em brasa, só para cumprir minha vida.
Mas só, se estiveres comigo.

Assim, termina mais uma noite numa cidade ao sul do Equador.




terça-feira

Dia 48 – Primeiro Porre



Trabalhando aqui se tem muitos dias e noites de ócio. Nem todo mundo que bebe, bebe todo dia. Nem todo mundo que trabalha com bebida, vende o que não deveria beber. Eu só venho pra não me estressar e a dona já percebeu isso. Não ligou muito. Ela é jovem. Fico bolando planos mirabolantes de como tomar conta desse bar. Causar uma revolta dentro do bar onde só tem eu de manifestante. Ela gerencia mal, mas eu não tenho nada a ver com isso. Essa porra não passa nem nota fiscal, no máximo um recebinho com uma descriminação dos pedidos, e, a criminação impostal gira a roda do bolso da gorda. Acho isso errado em vários motivos. Se o país está do jeito que é, é nos pequenos erros dos ladrões invísiveis que ele se apresenta. Não sou eu que vou apontar o dedo pro miliante. Que eu saiba a gente cria nossos próprios problemas. O imposto da cerveja já vêm imbutido porque não se é “honesto” dizer ‘plus taxes’ aqui no brasil. Attica grita dentro de mim e nesse ócio de vontade de roubar o caixa 5 da gorda me lembro da minha primeira bebedeira. Pata que patiu. Ri sozinho. Eu me lembro que ainda havia meu pai e eu morava com ele. Na minha família, beber é algo de família. Quando nasci, aos 9 meses de idade foi juntado uma colher de vinho na mamadeira. “Para matar os germes que virão”. Esse é o nível dos culhões familiares. Ficar bêbado, não é uma opção. Acha que tô exagerando?  Quando alguém morre, se deve ter em casa o número de litros de bebida(s) equivalente ao peso dela em vida. Em todas as casas. Antes que pergunte, não há alcoolismo no histórico genealógico. É a única permissão aceitável de ficar bêbado é na morte de alguém. Não vou dar motivos historicos, nem culturais. Cada família, uma sentença. Hic. De qualquer forma, eu fiquei bêbado. E comecei tarde mesmo. Eu vivia numa cidadezinha e conheci esse cara que era bem mais velho que eu uns sete anos. Eu tinha uns dezesseis e andava sempre com ele e o motivo da nossa amizade começar foi porque no bar em frente á escola, começamos uma competição de sinuca. Ganhava sempre. Ele. Isso meio que uniu e outras coisas como o gosto pela filosofia, mulheres, cerveja, mulheres e um terreno baldio do lado da escola. A gente sempre ficava ali bebendo e fazendo nada. Um dia ele falou que a gente deveria fazer uma fogueira e bater um papo. Feito. Uma sexta descolamos pedaços de madeira que foram parar na garagem dele de tarde. Duas garrafas de cinzano e um vinho. Perto da meia-noite, fomos para lá. Arrumamos os paus em uma fogueira que lembrava aquelas de acampamento americano de filme. Acendemos e foi lindo. Pausa enquanto se bebe um vinho português de ótima qualidade comprado no posto 24 horas da esquina. O fogo é hipnotizante, não é? Aquelas labaredas bruxuleantes pedem para serem tocadas e o calor que não deixa você piscar é de uma necessidade de cheiros e estalos e fumos que devem ser celebrados. O fogo é uma invenção natural linda. Fim da pausa. Habemos bebuns. Bebemos tudo e ainda fomos procurar mais no posto. Mais uma garrafa e sete da manhã, voltamos cambaleando para casa e confesso pra ele que se voltar daquele jeito sem saber nem quem eu era (não sabia), porque minha língua não voltava pra boca (não voltava) e desde quando touros não dão leite (estava com essa dúvida cruel), não era uma boa idéia. Fui pra garagem do cara. Ele me jogou lá dentro. Tinha um sofá. Era quase uma bat-caverna dele onde ele vinha se esconder. Era bem arrumado e era condicionado para não haver carros, e sim, um eremita. Lá fiquei. Nos primeiros 15 minutos ou 45, no escuro, tudo girava e rodava e deitado no sofá eu apenas colocava minha cabeça do lado e vomitava. Vomitava. Vomitava. Assim foi até dormir. E acordar com vontade de cagar algumas horas depois. Me levanto com maestria para não pissar na minha bílis deitada no chão em forma de uma baleia. Procuro como abrir a garagem e não consigo. Acontece que era de mola e toda força que fazia quando ela começava a subir voltava e me empurrava pra trás. A vontade de cagar aumentava e meu pudor diminuía. Eis que me viro e tateio a escuridão que meus olhos começavam a se acostumar desde quando tinha levantado do sofá e tinha percebido umas formas redondas nos cantos da entrada no chão. Eram caixas, papelões, bolas e... latas de tintas. Não pensei duas vezes. Abri a tampa, arriei as calças e sentei na lata apenas rezando para que a tinta tivesse seca, ressecada e que não respingasse na minha bundinha de anjo devasso. Eu era praticamente um púbere. Era um anjo, sim. Me levanto descagado e aliviado e retorno para o sofá livre da minha calça. Livre da prisão livre do mundo e caio em um sono profundo. Acordo outras horas mais tarde, já bem consciente. As luzes passavam por uma greta da garagem e conseguia distinguir ou pelo menos compreender que era dia. Comecei a analizar a merda que tinha feito comigo e como fui parar ali. Vi minha calça estirada no chão perto da porta e, naturalmente, fui me levantar pra pegar. Pisei no meu próprio vômito. Tudo começava a clarear na minha mente. Reconstitui a ordem dos fatos. E tentei abrir o portão da garagem e vi uma torneira ao lado que deveria ser usada para lavar o quintal. Mijei ali mesmo. E utilizei para limpar um pouco o vômito que juntei com panos que encontrei sujos
Dei uma lavada neles e depositei na torneira mesmo. Agora o que fazer com a merda? Tenham em mente que fiquei ali umas dez horas com direito ao meu cheiro de dentro estar impregnado por fora. Eis a verdade, meu irmão. Tenho dó de mim. Abri a tampa e a tinta branca estava entre meio seca e uma crosta mole e o toletão no meio. Mas era bonito. Então, num rompante de nobreza e alto garbo fiz o que todo mundo honrado faz numa hora dessas. Toquei o fodasse. Fechei a tampa e ignorei. Que alguém lide com o côco alheio. Não vou me importar com essa obra pós-moderna. Alguém que patrocine a culpa. Negarei até o fim. Com muito esforço abri a porta da garagem. Subi a rua e nem olhei pra casa do meu amigo. Resolvi prosseguir naquela labuta no sol de tarde que me queimava a cabeça e aumentava minha dor. Crianças apontavam e fugiam. Marcapassos paravam. Cachorros enfiavam o rabo entre as pernas ao me verem. Tá, não era bem isso, mas pra mim era. Quando abri a porta de casa meu pai estava sentado na mesa lendo o jornal. Sabendo que era eu já ia começar a frase “Onde você...”, não teve coragem de continuar. Ele parou no meio e me olhou de cima a baixo boquiaberto. Como se o pé grande existisse. Deveria estar lindo. Em silêncio e ignorando outros seres na Terra fui para o banheiro. Ao fechar a porta, para minha mãe ele solta um sonoro “Puta que pariu! Você viu isso?!” Tomei banho, me arrastei para cama evitando a sala e dormi profundamente. O resto é prática de guerra. Meu pai entrou falou que era melhor ver eu assim do que entrar com meu namorado Darly. Não, não existe nenhum Darly, mas ele disse isso. Meu pai. Eis o homem e o bar vazio. Maldita terça-feira.

Dia 39 – Primeiro dia do resto da minha vida



Cheguei no trampo novo e já achei maneiro. Aparentemente, é pra trabalhar com bar. Acho que vou mais beber do que trampar aqui. Mas tá valendo. È um lugar cheio de cerveja especial ou artesanal. Nunca liguei muito pra isso... mentira. Adoro cerveja e essas especiais são do caralho. Tipo de trampo que tava precisando. Menos estressante e mais vagabundo. Só meia jornada e a necessidade especial de não ter responsabilidades que passem de entregar um projeto até segunda e perder seu fim de semana. Aqui, pelo menos, se eu perder meu fim de semana trabalhando eu já estou dentro do bar. As condições são boas e a dona. Sim, é uma mulher. Go figure. Os tempos mudam e não temos nem direito á um portuga gordão de bigode. Agora é só as gordonas metidas a cervejeiras. Fodasse. Como também. O que? Tô nem aí pros escrúpulos e não quero nem saber se isso vai ferir minha moral. Ninguém se preocupa com a aparência na hora da morte. Nunca vi ninguém morrer arrumado. Como mesmo. Ainda bem que ainda restam as padocas. A entrevista se baseou em quanto vou ganhar, a cerveja preta que nunca vi mas é deliciosa e de acordo com ela “fundo de quintal”, meus horários que são de noite. Até as 23hrs. Nunca vi bar fechando cedo assim. Outros tempos. Mas vambora. Quem tá reclamando aqui?

domingo

Dia 38 - Apenas um cão...

 
Tu não vai acreditar, mas quando ele chegou próximo, sentou e me deu a pata no meu colo, eu já tava apaixonado. Cachorros são maravilhosos e esse já tinha me ganhado antes de dizer "oi". Isso porque cães não falam. Se falassem...
Existe vários cães selvagens no mundo. A raça canina e seus derivados são incomparaveis com qualquer outro animal no mundo. No mundo! Pastores, de caça, rastreadores, recolhedores, lebréus. Warrigais, lobos, Dholes, coiotes e chacais. É um animal lindo e nobre em toda sua pose. Se um E.T. aparecesse pra mim e perguntasse o que é um animal doméstico eu mostraria um cachorro, e mostraria um cachorro que representa os cachorros. Um Golden Retriever. O mesmo que tocou no meu colo e ficou me olhando dando oi. Que cachorro do caralho. Eu sempre gostei mais de animais do que pessoas. Deve ser por isso que minha paciência acaba com as pessoas e me comporto como um animal. Um lobo solitário. Tá, você deve tá achando que eu sou poser. Foda-se. Não é você que paga minhas contas, então eu tenho direito de ser o que quizer, quando quiser. E eu decido ser um lupus caninus. Na verdade, um cachorro mesmo. Um cão desvairado que anda pelas noites bebendo qualquer merda e beijando qualquer boca.
Ainda assim, acho que o porra do cachorro me olhou lindamente me dizendo "Luiz, mesmo você sendo um bosta. Eu gosto de você." Esse cão exemplar que é quase um lorde comparado com qualquer ser humano está eventualmente no bar do zé. Eu odeio o zé. Só que o bar dele é cheio de cachaça barata. Entenda como quiser. E o cachorro vive lá, acho que ele está sempre bonito e reluzente, com um pêlo bonito e cheio de vigor. O zé é exculachado com cicatrizes na cara e marcas de época. Porque aquela carcaça é quase acervo de novela da globo. Me impressiona como cachorros são amigos, até de filhos da puta que águam a cerveja. Se o zé pode ter um companheiro maravilhoso, porque eu não posso deixar que ele me queira? Porra! Eu sou um filho da puta e o cachorro foi com a minha fuça.
"Eita, porra. Que o Baco não vai com a cara de ninguém." Baco. Eu repito o nome pro cachorro. Ele dá uma fungada deitando a cabeça no meu colo. "Tá dando comida pra ele? Não dá não!" "Tô dando nada. Cachorro sabe quando uma pessoa é legal."
"Pode até ser. Mas a última vez que o Baco ficou assim foi com a minha mulher. Antes de morrer. E também quando ele tá com verme." Baco com verme? É como Diónisio broxar. Díficil. E porque tu me entrega contra mim, heim Baco? Quero acreditar que não é despedida. E que tu realmente me curtiu. Mas não adianta me olhar com esse olhos lânguidos que a terra um dia há de comer. Se bem que dá até vontade de desistir, mas eu nunca descumpri uma promessa. E tu, tem tudo pra aproveitar. Pena, cara. Aproveita e me curte por um ano que eu curto você.
"Tá?" Ele lambeu minha mão. Se ergueu em pé encima de mim sentado e lambeu meu rosto. Puta cão maneiro. Vou até ir no emprego novo. Pois é. Tu acha que era ninguém aquele número desconhecido? Era o novo trampo. Check. Amanhã. Agora, o Baco e o bico.

quarta-feira

Dia 36 - Gasolina Azul

Não consegui dormir. Então decidi revirar toda minha casa procurando algo pra ler. Era algo bem específico. A revista do Capitão América nº 68. Edição em inglês que vale uma nota pela sua raridade. Boa estória. Nela, Capitão América tenta mais uma vez derrotar o Caveira Vermelha, mas, ele invoca a terceira versão do Screamer... ou algo assim... Que é uma espécie de um ser mitologico que retorna cada vez mais forte á cada vez que morre. Eu acredito nisso. Toda vez que morremos ficamos mais fortes. Cada encarnação uma nova força. Algo meio Wendigo. Wendigo é um ser elemental. Quase um mito para quem não acredita.
Mas eu fiquei procurando pela casa e encontrei tudo que já perdi nessa casa. Dados de sexo. CD da  Janis Joplin. Fita VHS. E eu acabei indo pro bar depois das duas ligação da princesa.
Ela me ligou mais uma vez quando eu tava no meio da pinga. Disse que tava na porta do Cine-teatro Odisséia. Onde eu tava? Pacote de M&Ms no lixo. Cartas de Magic. "No Bar do Zé." "Tá bebendo o que?" Uma luva esquerda. Livros diversos. "Pinga." Mensagem do Pessoa. "Tá tomando coragem pra noite, é?" Foi aí que me lembrei do Wendigo e do Capitão América. "Tô tomando na bunda." Um copo de cólera, Raduan Nassar. "Também quero." Pornopopéia. Puta livro. "Tô indo aí pra você tomar." O Wendigo defende as florestas e bosques comandado por Cernunnos. Deus da floresta. Ele devora o coração bebendo o sangue e o esperma de seus inimigos, se tornando mais forte e mais inteligente. "Mas antes eu quero dançar." Hoje em dia, acredita-se que se evoca o Wendigo pelo sexo. Pelo menos três vezes. Se houver relação com o mesmo parceiro, engolir esperma, sangue e toda sorte de fluídos. "Eu não sei dançar." Preacher. Playboy velha e grudada. Gasolina Azul. "Como não sabe?" Bolas de contato. Côco de rato. "Homens não sabem dançar." Coleção de selos. Álbum do brasileirão 2007. "Claro que sabe." Orgulho e Preconceito, Jane Austen. Não é meu. "Homem que dança é viado. Homem senta, bebe e olha pras mulheres dançando."
A Volta do Parafuso, grande Henry James. "Quem te disse isso?" Plínio. Abajur Lílas. "Todo bar de strip ensina isso." Teresa Filosófa. Anônimo do Séc. XIX. A revista! Achei! "Então hoje você dança comigo duas vezes. No clube de dançar e no clube de fuder. Primeiro na pista, depois na cama. Aceito gorjetas."
A lenda diz também que se troca energia. "Posso tocar?" Energia que une os corpos que se comeram não importa a distância. "É mais caro." Os une cada vez mais. "Puta como você eu pago o que for." Ao ponto de serem mais fracos sem o outro.
"Vêm." Essa vai ser a terceira vez que eu vou comer ela. Mas é só uma lenda, certo? Merda.

segunda-feira

Dia 35 - Suor

De quem nervoso, com as mãos, se vê frente a frente com o amor
Como quem de frente ao vício, sente torpor
Da mesma casta do frio na espinha ante ao temor
De igual forma para quem se alegra o louvor

Tal e qual como doença, sente o frio no calor
E sendo chama apaga para rancor
Ainda amado, pelo medo de ser pego
Sendo amante, pela ânsia de junto estar

Assim sendo puro, tudo suor
Ainda sendo labuta, apenas suor
Enquanto sendo orgão, química suor
Enquanto insônia, meu suor.

Essa porra me veio agora e não consigo dormir. Grato, A gerência.

terça-feira

Dia 33 - Nunca fiz santas tomando leite


Ela tomou 5 copos de leite. Pegou cinco copos e pós em fila na mesa da sala. encheu de leite cada um. Foi tomando um por um. Eu só ouvi o "cleck, cleck" dos copos vazios batendo na mesa.
No sexto, ela caminhou pro quarto.
Eu só ouvi os passos. Ela com um copo na mão, se ajoelhou no chão, no meio do quarto. Eu deitado olhando pra ela pensando: "Que porra é essa?"
Ela tava só de biquini com a bandeira do brasil estampada. Ela tomou o ultimo copo com dificuldade. Ficou aquele bigodinho de gato.Ela me olhou com uma cara de coitada, mas disse, "Pode socar."
Porra. Que isso... Não sei o que deu em mim, mas pulei da cama e soquei de primeira na boca dela bem aberta. Segurou a gorfada um pouco no começo, mas depois todo aquele liquido branco foi saindo, inundando minhas coxas, meu saco e como se saísse por todos os poros dela... lágrimas vieram também.
Ela fudeu meu pau com a boca e eu adorei isso. Adorei o leite. Não achei tão nojento quanto acharia antes se só pensasse. Têm algo de puro nisso. Têm um tanto de deus e beleza. Um tanto de sublime nesse caos leitoso.

segunda-feira

Dia 32 - É Assim Mesmo

A chuva caia torrencialmente sobre os dois. De terno ajoelhado e apontando a arma para Carlos Alberto. Aquela rua fria da china, aquela chuva escondeu o propósito principal: Vingança. Vingança para matar a si mesmo. Desde quando descobriu que tinha um outro como ele. UM outro ele, Carlos Alberto resolveu se vingar. E aqui, agora, Carlos, o medroso apontava para Alberto, o macho que sorria na chuva. "Atira." Ele disse para si mesmo. O gatilho ressoou mudo mas o sangue se minguou e águou.
O medroso venceu.

É Assim que termina o livro. Depois de dois dias de leitura e dezessete ligações no meu celular. Quase quatrocentelhas de páginas. Interessante. A história é de um cara que não tem motivação e decide encontrar a si mesmo, mas no meio do caminho... ihh, cacete! Catorze chamadas não atendidas do Padawan.
Uma desconhecida e duas da Pequena Sereia. Fudeu, pra ligar assim deve ter acontecido algo. Tô falando da Pequena Sereia. Quero mais é que cueca espere. o Padawan é meio neurotico. Se você fala que vai tomar um copo de merda. Ele pergunta quinze vezes se tem gosto de galinha. Ele tá meio assim com o livro. Quer saber que gosto tem. Tem gosto de um copo cheio de merda. Mas no bom sentido.
Mas isso ele ainda não sabe e vai ficar sem saber porque ela me ligou fodamente. Pô, ligar mais de uma vez pra mim, sendo mulher, é foda.
Tô sem crédito. Tô sem vontade de levantar. Fiquei esses dois dias lendo e bebendo. Tocando uma também. Mas acabou o estoque de bebida, páginas e porra.
Tá na hora de ir atrás de algo. Rapidamente.

sexta-feira

Dia 30 - Padawan


Da Bílis ao Pâncreas é apenas uma retenção. Esse é o título do livro do Padawan.
Agora é a hora de falar do Padawan. O cara era amigaço de uma mulher que eu comia, ai a mulher me falava sempre dele. Não dei bola, pode comer quem quizer, acabou que numa briga no meio da Lapa, cinematográfica, diga-se de passagem, eu e ele acabamos um do lado do outro contra quatro seguranças. Moral da história: estamos vivos. Porém, até hoje minha rótula faz um cleck estranho.
Quando corremos... sim, corremos... em direção á muvuca mais próxima pra se dissipar da porrada e dos canas resolvemos ir numa banca de drinks toda iluminada. Rindo de tudo e meio resfolegante, descubro que o antônio faz agronomia, gosta de cinema e todo mundo chama ele de padawan, por causa do rabinho pendurado na cabeça raspada. Unica vestígio de cabelo remascente. É tipo um dread.
E também, por causa do vício em star wars. Ele têm o símbolo rebelde tatuado no tornozelo. Não me recordo qual. Aí, passada a tensão e o anúncio, meio que olhei pra ele e me baqueou um ciúme bobo.
Eis que dois anos depois, ela vazou. Ele ficou mais meu amigo do que dela. E agora tô aqui com o exemplar do livro publicado em mãos. Na assinatura tá assim, "Para o Zé.Zé buceta mais escroto e mais irmão que já podia ter. Bom que escolhi, né? Abraços, A.K.G."
Nunca entendi o sobrenome dele. É uma mistura de duas nações colonizadores e um império neolítico. Se é que isso existe. Anyway, tô aqui deitado com uma capa toda branca com duas gotas de sangue e o título em alto-relevo.
Ele se deu bem. Estava num bar fraseando umas poesias e um cara falou que duvidava que ele repetisse isso tudo de novo. Padawan olhou pro cara, olhou torto, mas olhou pro cara. Pegou uma porrada de guardanapo e uma caneta. Escreveu 15 páginas de uma viagem.
Não era poesia. Era o começo desse livro que ele nem tinha idéia do que era. Nem tinha pensado em livro. Nem tinha pensado em nada. Só escreveu.
Acontece que o cara gostou e falou torto também que era uma ótima idéia e que ia vender bem. Pegou o contato dele e agora um ano depois, o bagaio é publicado. 20.000 exemplares pra começar.
É como diz aquele ditado: O ébrio escreve certo por linhas tortas.
Abro a primeira página e o telefone toca. Não vou atender. Vou ficar aqui lendo isso.
"Espero que isso doa mais em você do que em mim." Disse Carlos Alberto ao enfiar o pulso quase inteiro no rabo de Leonice. Ele em prantos, só pensava na cavalgada das valquírias. Ela, no quanto ainda aguentava.
Leonice era moça e essa era sua primeira vez com Carlos depois que ele finalmente aceitou o fato de que nunca mais poderia ter uma ereção na vida depois do acidente. Agora, ele chorava toda vez que tinha uma excitação sexual, mas não tinha volúpia. Não tinha movimento. Não tinha ação.
Ele pensava em sexo, pelo menos, sete vezes ao dia.(...)"

Começo poético, não? Já vi que a noite vai ser longa. Melhor fazer um café.

quarta-feira

Dia 28 - "Pensei que fazia Química."

"Arquitetura."
"Serio?"
"Serio. A tattoo é só pela fórmula. ia fazer da caféina, mas quando vi um cara num vídeo com cara de retardado com a mesma, desisti."
"São fórmulas diferentes. Uma é matemâtica e outra é química. Não têm muito á ver."
"É... E daí? Me deu vontade de fazer e eu fiz." Culhões. Isso é o que existia do outro lado da linha.
Pelo vistos, eu liguei. E foi e está sendo bom. Enquanto eu escrevo isso eu olho pra ela dormindo com seus cabelos pretos bem cortados e o perfume. Chance, eu acho na minha pele.
Ela nunca ouviu Blues. Não entende nada de jazz, mas gosta do John Lee Hooker. Ela agora tá nua atravessada na cama num sonho profundo. Os peitos dela são lindos e batem de longe o da 'peitos de menino', que por coincidência e estória retro-pós-parecida, estão lá pelos mesmos motivos.
Além do símbolo químico, na parte onde têm uma marquinha de biquini quase apagada têm outra tattoo. Um planeta estranho. E no pulso, um cometa com um menino encima. O Pequeno Príncipe no corpo da pequena princesa, porque eram saltos mesmo.
Ela toca guitarra pra encher o saco da mãe. Sabe jogar video-game. De tiro. Bebe bem e dirige mesmo com a visão turva e passou a última madrugada depois de muito sexo, deitada no meu colo assistindo filme enquanto tocava uma pra mim.
Você, cara, vou te dizer... Não sei porque tô te falando essas intimidades cheias de nerdices transviadas, mas eu quero.
Ai, nos fomos beber vodka. Tá. Eu juro que queria beber outra coisa. Mas assim que a vi, ela me deu um beijo tão erótico e gostoso que se me convidasse pra uma seita satânico com direito a sacrificio meu, eu aceitava. Até beber gasolina.
Louise. Soa pomposo. Mas, eu gosto.
Bebendo nesse lugar, eu acabei conhecendo um gringo estranho que mora aqui no Brasil há 20 anos e ele têm esse bar meio isolado. Como estava bêbado me deu vontade de conhecer e lá fui eu com a mina de tira-colo. Achei que ela ia cagar no pau por ser um desconhecido.
Ela tava era mais tranquila que eu, que quando chegamos no endereço do Austríaco, era uma rua meio deserta bem na entrada de um morro. Gringos. Go Figure.
A porta era de madeira, daquelas enormes numa casa de pedra, daquelas antigas que parecem que vai cair em alguns minutos. Ao bater na porta, o gringo foi recebido pela suposta mulher, fiquei mais tranquilo por dois motivos. Não tava afim de ser coagido por um gringo a comer a pequena princesa junto com ele e se agora rolasse, pelo menos tinha outra no meio. Mais sussa, mas não queria dividir ela com ninguém. Tudo dentro era reformado. E frio. Bem frio. Mas tinha bastante gente e um palco onde um piano de calda enorme dividia o pequeno espaço com dois músicos. Um na guitarra e outro na gaita.
Meus olhos brilharam ao ver aquela fumaça de cigarro em volta e as cervejas rolando ao som de um blues tradicional do Delta.

Ela adorou. "Nunca ouvi jazz ao vivo." Ela sorriu e me olhou e apesar da minha primeira impressão, descobri ao olhar aquele momento pra ela que não havia nada de extraordinário nela. No sentido de riqueza, eu digo. Ela era filha de alguém que a mimou. Mas, inteligente, curiosa e esperta, essa porrinha de 1,68 cm sabia mais que muita mina cult que já conversei.
Não era patricinha. Não era pomposa. Mas eu ainda gosto do nome e ainda vai se chamar Pequena Princesa. Minha mente. Minhas regras.
Era o que deveria ser. Alguém curiosa, com cheiro bom e vontade de sexo. Que mesmo bebendo á veras, não fica com cheiro de bebida. Acho mesmo que desse fim de semana ela não sai daqui. Primeiro que não deixo. Segundo porque ainda têm um tempinho pra me cansar dela. 
Peraí, tô divagando. Acontece que o Austríaco doido botou bebida pra gente pacas. Não pagamos. Vai saber porquê. E ele ainda queria que a gente ficasse por lá. Seria bom, começar um trabalho mais sossegado num bar desses. Na verdade, se eu me lembrasse onde era. E não tivesse apagado e acordado com um mulher linda encima de mim dando bom dia enquanto subia e descia me mordendo e me beijando, eu iria lá.
Dane-se. Ainda bem.

sexta-feira

Dia 26 - DDD

Ressaca maldita. Ontem eu fiz o DDD e fazia tempo que não fazia.
Desde quando eu achava que a melhor banda do mundo era Iron Maiden. O que? Quando a gente é criança (leia-se adolescente), não se sabe muito das coisas.
DDD é a combinação fatal de Dreher, Domecq e Drury's. Dorme com essa porrada na sua cabeça.
Decidi viver ontem só para mim. Fiz tudo que queria e fiz sozinho. Desliguei o celular e parti pro cinema.
Assisti um filme brasileiro que conta a história de um metalúrgico que perde o emprego e precisa sustentar a mulher os filhos.
Qualquer semelhança com a realidade é pura verdade.
Realidade de todo mundo, depois fiz uma coisa que adoro fazer sozinho. Sozinho mesmo. Tomar Cappuccino. Sentei num bar chique e pedi. Quando veio assim que tirei todo o chantilly, enfiei a mão no fundo do meu casaco e derramei algumas boas doses de conhaque. Daí me veio a ideia: DDD.
Tomei aquilo tudo e parti pra lapa. Num bar bem sujo, e que eu tinha a certeza que não acharia ninguém, matei minha saudade. O mais incrível e gozado é que eu não disse uma palavra desde que acordei. Grunhidos não contam. Não disse nada até ela entrar com as amigas no bar. Muito arrumadas e perfeitas pra estar ali.
Com um porte demais elitista para o que eu penso que deve ser uma mulher. Acho muito sacana, essa trupês de patricinhas, cheias do riso e saltos altos. Saltos altos, eu curto. Mas em mulher de verdade. Pense o que quizer, mas não acho nada de impressionante alguém que usa a roupa que o pai deu. Que não tem suor, nem gastos pessoais, e que, nunca deve ter tido uma camisa velha pra colocar em casa. Ou seja, nunca teve amor.
O que me impressiona sim e eu gosto de mulheres bem cuidadas é a beleza e o trato que o dinheiro faz. Dinheiro muda tudo. Muda cabelo, cor de pele, modo de falar.
Muda até a recepção do velho nordestino do bar que se abriu todo em sorrisos. A patriçada tava vestida bem puta. Em particular, tinha umas duas que deveriam acordar pensando em pica.
E de todas elas tinha essa, bem magrinha, alta, ou de saltos altos. Com um vestido e uma tattoo no tornozelo. E=MC². Químicazinha. Não advogada, nem pretendia fazer medicina?
Ganhou meu interesse. Além do que, ela me deu uma olhada de lince e um sorriso que eu retribui por educação. Me escorei no balcão e pedi a terceira dose. As meninas se animaram e meio que gostaram do pedido.
"isso é bom?!" A mais nojenta me interpela.
"OI?! É. Bom pra matar germes." Minha primeira frase da noite. Dúvido que ela tomava.
"Eca. Quero vodka mesmo. Tem absolut?" Segurei o riso. Absolut aqui? Póhan.
"Quer uma sugestão? Pega a Natasha que é a única não batizada." Levantei e fui pro banheiro.
Ouvindo um 'Como ele sabe?', que não iria responder mesmo se tivesse perguntado pra mim. 'É a única fechada, ali.' Quero acreditar que foi a químicazinha que respondeu.
Dei uma mijada cabulosa de tremer as pernas e voltei. Quando eu vi, elas estavam todas numa mesa. Aquele não era o lugar delas. Não deveriam estar aqui.
Existe algo muito de errado, quando mulheres felizes e jovens se divertem numa merda de lugar desses. É como roqueiro em baile funk e coisa do tipo.
Mas ninguém diz nada para evitar a fadiga. E lá elas continuaram. Eu me concentrei no meu copo. Que tinha um batom no canto.
'Caralho. que porra é essa?' O do norte só fez referência com a cabeça.
Girei meu corpo pra acompanhar a algazarra e a químicazinha me encarava rindo e nitidamente flertando. Meu pau deu uma subida.
Paguei minha bebida, virei e fui embora. Eis que um impulso me toma. "Foi você que tomou minha bebida, não foi?" A Einstein parou. As meninas também.
"Só um pouco que hoje eu tô dirigindo." "Gostou?" "Forte demais." "É o que dizem bebedores de vodka." Ela riu. "Me dá seu número. Amanhã eu te ligo, pra você tomar algo melhor e de verdade do que vodka." Ela me deu o número. Eu sai andando. Ouvi mais risos e talvez um olhar me vendo indo embora. Quero acreditar que sim. 
Ligo ou não ligo?

terça-feira

Dia 25 - O ônus

"Meu amigo qdo eu te encontrar vc vai pagar por falar assim comigo. Vou te castigar na cama, fazendo mto sexo c vc, até vc implorar pra sair do seu apê."
Essa mensagem cantou no meu celular á alguns minutos. Número desconhecido.
Não faço a mínima idéia de quem é. Não é a 'peitos de menino'. Fiquei pensando e pelo tom da frase, parece que desafiei alguém. Ou ignorei?
Não. Não tô com essa bola toda para fazer alguém correr atrás.
Ela me conhece. E sabe onde eu vivo.
Medo. De qualquer forma, hoje é quarta e eu passei o fim de semana coçando. Fui num show do Inimigos do Rei. Se você não sabe quem é, não pergunte pra mim, mas é aquela banda que toca 'vem kafka comigo.' Tá ligado?
Falei fim de semana porque até hoje eu não produzi nada. Á não ser a volta triunfal para o escritório na segunda, chupando sorvete com minha camisa do AC/DC suja. Tava perdida por aqui e encontrei. Suja mesmo. Tá com uma mancha amarronzada. Parece que miraram com o cú no peito da camisa e peidaram uma cagada. Mas como não encontrava ela, resolvi usar mesmo assim, com cheiro de mofo e a sujeirinha. Uma questão de lealdade. Pra mim, é como você encontrar a mulher que você mais ama na sua vida e ela ter envelhecido tanto por causa de má alimentação e uma não-vida, provavelmente culpa sua, que é sua obrigação segurar ela pelos braços e a erguer de pé. E beijar. O mesmo com roupa velha. Nunca se deve negar amor ao trapo velho. Lá estava eu, pegando meu olerite. Não cito meus colegas de trabalho por aqui por um motivo. COLEGAS DE TRABALHO. Estabeleci bem o motivo? Ok.
E não pense em nada positivo pelas colegas também. Não consigo confundir trabalho com prazer. Depois sempre fica um clima chato. Rola uma cobrança maior. E se der merda no trampo, alguém sempre vai querer tomar partido e é capaz de dois se fuderem com uma exculachada só. Peguei meu dinheiro e vazei. Ainda tinha um bônus dentro e um acerto informal das férias (que nunca tive). Contabilizando tudo, 3.200.
Tirando aluguel, contas, viadagens burocráticas, as cervejas e uma garrafa de vodka, um pouco de comida incluindo o miojo que tô comendo agora e manchando tudo aqui, me sobra 1.500. Pois é. As contas eram muitas.
Dá pra passar um mês na vagabundagem. Mas aí não moro mês que vem ou como a bunda do proprietário viado que vem cobrar todo dia 5 sagradamente. Não sei se pagamento de aluguel se inclui em sexo considerado amoral para meus padrões, para ser riscado da lista. Não estipulei nada disso pra mim. Peraí, caceta. Não vai comer nenhuma bicha dona de chihuahua, não!
Êparrei.

segunda-feira

Dia 21 - Novo emprego: Check

 
Não sei se essa porra vai em ordem (o universo e a lista), but, foi muito divertido ter entrado no escritório e mandado tudo as fafas.
Na verdade essa abordagem vagabunda estava sendo trabalhada faz uma semana. Eu comecei a tripudiar o trabalho só por diversão, mas, ninguém se ligava.
Meu patrão, um gordo metido a descolado com tattoos nos braços e fala lenta.
Como eu odeio carioca marrento, ainda mais patrão. Comecei a trollagem cedo.
Mandei um e-mail para todos os colegas com o seguinte assunto: MANUAL PARA EVITAR SEU PATRÃO.
Com alguns itens absurdos, criados para acabar com a concentração, um deles era assobiar a Marcha Imperial do Darth Vader toda vez que ele passasse. Fiz isso umas quatro vezes. Com ele saindo da sala. Na última, ele voltou e perguntou que bobeira era essa.
Respondi com a cara mais sonsa possivel: "Desculpa, mestre."
Ele ficou na dúvida se era apenas uma brincadeira ou uma provocação. Ele não é muito perspicaz também.
Então, á partir daí foi só se acostumar ao fato de que mais cedo ou mais tarde iam me mandar embora, eu dei três dias, não fui mandado mesmo criando a marcha fúnebre do almoço, falar alto no meu canto com meus colegas, voltar pro local com uma latão de brahma e toda vez que ir no banheiro fazer um comentário do tipo "Essa ardeu."
Nada. Tive que pegar pesado me sujeitando ao imprevisto esperado de 'justa causa'.
Sexta-feira entrei no trampo vestido de roupas alegres, um chapéu de palha, chinelo de dedo. Reunião logo cedo. Com meu bermudão, um ukulele de brinquedo entro tocando e gritando, 'Aloha! Feliz sexta RAVAIANA!', prá completar passei a madruga entre uma cachaça e outra, enviando pra todo mundo modo de proceder hoje. Além, de que como tive que sair tarde na quinta, todos os computadores da edição de imagem, onde trabalha-VA, eu tenho acesso. Mudei a música de entrada pra uma canção de 15 minutos de um gordão gemendo. Em Hawaii-stile. Só que, graças á um erro meu, eu pûs duas vezes. 30 minutos. Felicidade. Então, ás 8 da manhã, na reunião o clima ficou tenso. Eu só fingia que não era comigo.
Após a reunião, todos em suas funções, ligam os computadores no servidor central. Sinceramente? Parecia uma ópera de tão incrível que foi. Quando começou a tocar eu levantei e bailei junto.
Meu telefone toca e era o BIG BOSSTA.
'Luiz?' Como eu odeio esse nome.
'Quem é?!' Ah! Isso mata qualquer um.
'Que porra é essa?!' Ignorei.
'Quem é, por favor?'
'A sua mãe! Quem você acha que é?'
'Mamãe morreu. Por favor, seja você quem for, não brinque com essas coisas. Sou sensível em relação á...' Me cortou.
'Sensível? Tu tá brincando comigo? Tá certo que aqui é um lugar descolado com uma vibe que eu gosto de preservar. Mas você exagerou.' Mentira. Não tem vibe nenhuma. Ele só gostava de passar essa imagem por trabalhar com audio-visual em peso no rio.
'Pois é. Eu tô descontraindo mais ainda. O Obama é Havaiano, sabia?'
'E daí?'
'Tô comemorando um negro havaiano que manda na porra toda matar alguém e não mostrar o corpo.'
'Olha aqui Luiz, eu não sei o que tá acontecendo mas vem...' Desliguei. -na minha sala, agora. Era esse o final da parada. Ele liga de novo.
'Opa, fiz cair a ligação.'
'Como assim?'
'Assim oh-' Pequeno sorriso no rosto. Esperei sentado. Ele entra e está vermelho de raiva.
'Vai embora e conversamos na segunda.' Como assim?! Fiquei sério.
'Tá falando sério?'
'Some daqui. Vai.'
'Você não pode fazer isso comigo. Me tratar assim. Você não vai me mandar embora?'
'Não. Não tenho motivos. Apesar disso tudo.'
'Obrigado, você é muito bom. (irônico) Deveria era me mandar embora.'
'Só queria ouvir isso. Pra justa causa ter testemunhas.'
.
..
...
Filho da puta. Queria que todo mundo ouvisse eu dizendo o óbvio. Lá saiu ele fechando a porta com um sorriso no rosto. O mesmo que eu tinha a semana toda. Lá se vão meus 2 anos na empresa. Gratos, coleguinhas.
A gente se vê numa outra vida. Quando ambos formos gatos.

quinta-feira

Dia 15 - Doze Motivos antes de morrer

  1. MUDAR DE EMPREGO
  2. ACHAR PIRULITO DA LÍNGUA AZUL
  3. PULAR DE BUNGGEE JUMP
  4. SE VINGAR COM REQUINTES DE CRUELDADE
  5. FAZER SEXO AMORAL
  6. TER CORAGEM PARA VÊ-LA E NÃO CHORAR
  7. VIAJAR SEM SABER A DIREÇÃO
  8. COMER FÍGADO
  9. FAZER MINHA ÚLTIMA TATTOO
  10. APRENDER A COZINHAR
  11. DANÇAR TANGO
  12. MORRER

Essa é a listinha antes de partir. Leve explicação:
Sou designer, preciso mudar de emprego pra algo mais leve e que me dê mais tranquilidade em poder ficar mais vagabundo. Não quero passar os últimos dias sendo escravo. E o pirulito azul é o pirulito mais díficil de achar.
Sempre quis pular de pára-quedas, acho skate, surf, essas coisas, muito chato, bunggee jump parece ser intenso e foda. Me vingar de alguém. Processo em andamento que será executado de uma tacada só com as leis do destino. Ui. Falei bonito.
Fazer sexo amoral se resume à fazer algo que provavelmente fere meu caratér. Poucas coisas. Vê-la. Não é o que você tá pensando. É paixão. Mas não de homem-mulher. Não vamos falar sobre isso agora.
Viajar sem saber a direção, com pouco ou quase nada de dinheiro, e voltar com o que tiver ganho no caminho. bom, né? Eu sei. Comer fígado. Esse vai ser díficil.
A última tattoo. Essa vai ser irada! Minha refeição se resume a pão, miojo e cerveja. Sempre quis aprender algo mais que ovo.
Eu gosto de Tango. Só isso. Acho digno aprender isso. E obviamente, morrer. Porque, né?

segunda-feira

Dia 13 - Pessoas Ruins

Ernest Hemingway disse que o mundo é um lugar bom com pessoas ruins. Concordo com a segunda parte. Há 50 anos atrás, James Zwerg estava num ônibus e foi atacado por uma multidão no Alabama. 
Tiraram essa foto dele:




Essa foto se tornou o símbolo do movimento dos direitos civis por um ato brutal, levado por um simples exemplo de revolta. Zwerg era um dos 18 homens entre brancos e negros que resolveu se unir e cruzar o Sul segregado. Partindo de Nashville, os estudantes, em 1961, foram fechados num cruzamento.
Zwerg decidiu ser o primeiro á descer do buzum com gritos de "Nigger Lover!" á sua volta. Sem necessidade de tradução. 
O cara se voluntariou para ser o primeiro. O que deve ser isso? Saber que tu vai morrer?
Saber que dali não passa, e, morto, ser mijado e até mesmo, ser espancado até virar uma polpa de carne e sangue. 
Olhar pra esses putos todos que, com certeza, não sabem o que estão fazendo e dizer: 'FODA-SE!!!'
Caralho, deve ser de procurar as bolas dentro da calça uma hora dessas.
Um homem comum, que é tirada uma foto, e se torna um dos ícones. Pra gente, brazucas, não é nada.
Mas, pra gringo vê, deve ser uma união ou uma vergonha em todo o território.
Zwerg tinha 21 anos. Ele peitou uma turba de escrotos populares e se tornou um símbolo.
Eu tenho 26 e já, já tô indo pra minha terceira cerveja da noite. Numa Segunda.
Detalhe, Zwerg ainda está vivo.

domingo

Dia 12 - Sem saco...

Queria ter saco pra sentar no bar como todo bom bebado e tomar uísque. Meio estiloso, mas, não sou assim.
Eu nunca li Bukowski. Acho um saco. E nunca entendi como alguém consegue beber uísque no Brasil, sozinho e sentado num bar.
Toda hora tem um doido pelando o saco ou um mané gritando 'a paradinha-dinha-dinha'.
Até no carnaval, tu meio que se solta.
Acho que gosto dessa coisa de Kerouac e tal, mas, acho que minha escolha foi sempre musical.
Johnny Cash, Elvis Costello, Robert Johnson, Tom Waits...
Aliás, encontrei um cara fabuloso assim, Moses Luster. Que voz de viciado.
Que som bom. E super desconhecido até para mim alguns dias atrás.
Se liga só, o cara é de Las Vegas e toca num strip bar fora da rota normal dos turistas, durante muito tempo tocando com uma banda que quando se conheceram não tinham ensaiado nada, eles tocaram de qualquer maneira e o som do cara foi fluindo, só que ele tem uma presença e um estado de espirito que te faz ficar fascinado pela voz. O único albúm ele demorou dez anos pra gravar, não sei se vai demorar mais pra gravar o próximo mas I'm The Lion carrega o título e o primeiro vídeo dele.
Aqui oh:

Vai ouvindo ai esse clipe meio David Linch.
Lembra de um nome estranhíssimo chamado Soneide? 
Não merece muito alarde não. Só vou dizer que esse nome me broxa e já tá bom. Puta nominho feio.
Além do que, eu já vi cada mania estranha de mulher, mas mulher que só gosta de uma coisa na cama, estritatemente uma coisa só, é mais fácil comprar um consolo que ai você vai praticando, SO-NEI-DE.
Pior, que têm uma outra pessoa que é muito gostosa e têm esse nome horroroso. Respira ai e fala: JÔSICLEDE. Será que são primas? Espero que não.

sábado

Dia 10 - Os nomes nas paredes


Porque você é você mesmo. E é assim que vou te chamar. Se acostume, que quando essa merda toda acabar tu tem o direito de fazer o que quizer; enfiá os textos no cú, vender por droga ou faz um livro com essa merda. Eu vou tá morto mesmo.
Só te peço uma coisa do fundo do coração.
NÃO COLOQUE A PORRA DE UM PSEUDONIMO NESTA BOSTA.
Quem pode fazer isso é só um cara que já se foi e ele tinha pelo menos uns vinte.
Foda-se. Vira-te. Põe meu nome mesmo. Luiz Renato. Odeio Luiz, mas vai assim mesmo. Ou põe o teu.
Ca-guei.
Falando de nome a 'peito de menino' não me ligou e não voltou. Ela não é a mesma que me deixa de pau duro só de ouvir a voz. Ela é a que me deixa de pau duro só de pensar nela. Têm diferenças sutis. Pra mim.
A que me deixa de pau duro pelas vias auditivas é a Luiza. A Luiza com certeza me têm carinho e um certo respeito e ouso dizer, talvez, na minha incrivel, mente buceta. Vontade de mim. Mas é bem mente bucetinha, porque ela pode até ter vontade, mas não vai ter a coragem, ela têm olhos verdes mais claros que a seios premiados, e, é aqui que você percebe uma tendência ou uma coincidência, eu curto olhos verdes. São meus pontos fracos. Isso e tatuagens. Esqueci de falar que a peitos MEUS DEUS! ISSO É UMA DELÍCIA!, é toda tatuada, com planos de uma tattoo que tem continuação extravagantes por seus ramos, quase um desenho de uma hera venenosa que se inicia na omoplata, toma conta do braço direito e assim se vai esvaindo para as costelas fazendo um arco embaixo do peitinho (que mimo!), obviamente direito, e, logo quando isso tudo for terminado ela terá uma armadura protetora em forma de tinta negra com o seu fim cálido( ou começo fálico?), sendo um bojo gráfico sustentando o que diz não á gravidade. Deus salve a ciência. Aleluia, Irmãos!
Onde eu estava? AH! Os primeiros olhos verdes. Esses sim. Ela tava num boteco e eu tava com o Padawan. Padawan eu conto quem é mais tarde. Mas te digo já que o cara é o centro e eixo desse que vos fala, caro aprendiz de editor desta bela merda. Ela chegou, riu, conversou, e, desviou totalmente de minhas investidas, fomos pra outro lugar e eu tentei mais um pouco. Eu não tenho dignidade quando há o que eu quero e eu bebi, como ela bebeu, e isso é a coisa mais grandiosa de estar com alguém novo e desconhecido, ninguém tem vergonha de beber e falar merda. Mas não deu, sei lá, e fui andando pra casa. Ela me dá um toque no meu celular.
“Volta aqui agora!”
Isso é um bom sinal. Eu volto, ela me agarra e aí vêm o cheiro inebriante do perfume que eu queria tanto grudar na minha pele. Tanto sentir aquela boca e meu “querido”, que boca. Aquele macacão body estilo jeans com as botas altas, o cabelo Chanel cortado igual da muié escrota da novela, preto, o batom, que foi feito pra ficar em boca de homem, bem vermelho, e aqueles olhos de ’se pedir, eu dó’.
Dava mesmo. Dava pra acompanhar até em casa. Dava pra ver o dia nascendo. Dava pra não deixar eu subir porque “Ele tava durmindo”. Dava pra ir pra garagem e com muito dificuldade tirar o peito dela, apertadíssimo da roupa e chupar com vontade e ela virar de costas, e abrir o cuzinho pra mim e falar “Tá sem camisinha mas enfia o dedo aqui, que eu quero sentir.” Eu caio de língua naquela rosácea, chupo tudo e dou uma bela duma cusparada. Adoro essa palavra. E soco o dedo. Ela se toca na frente e goza tão rápido como o The Flash roubando um banco. E como toda gozada para uma mulher, é a volta da consciência, lá fico eu com cara de bunda, o dedo com cheiro exótico, olhando ela se vestindo num pulo. O The Flash perde. Mas eu chupo o dedo mesmo assim. Na cara dela. E ofereço. E fica os dois assim com meu dedo no meio enquanto nos beijamos. Volta pra casa com o sol, meu eterno inimigo me acompanhando com o seu olho cego. E na volta eu começo a elaborar umas idéias.
A Luiza têm um namorado que, curiosamente, é todo tatuado, têm cara de skin-head e eles estão juntos há 4 ou 5 anos, sendo que ele traiu ela várias vezes, eu fui o primeiro dela. Particularmente, um tipo de cara dos meus, porque, eu curto tattoos. Pelo menos, assunto não faltaria.
“E aí cara?! Tranqüilo?!”
“Porra, tudo! Só to um pouco triste. Acabei de sair do estúdio e fiz essa morte chupando a teta dessa virgem.”
“Caraca. Que traço foda! Mas qual a tristeza?”
“Fiz pra comemorar uma bicha que arregacei ali na Lapa. Depois de ter traçado o cu dela e ter gozado juntos. Porra. Gozar junto, não dá. Tem que apanhar.”
“Porra, realmente... Onde está o respeito e a ordem hoje em dia?!”
“Não é... Mas não gostei da foice. Ta pequena. Gosto de coisa grande.”
“É? Gozado. Sua mina também me disse o mesmo quando tava dedando o cú dela na frente do seu prédio. Ela mencionou da tattoo nova, enquanto pegava no meu caralho.”
“Tá me tirando?! Quer morrer, essa filha da puta?! Como ela fala dos meus planos pra todo mundo? Não se pode confiar em mais ninguém.”
“Pois é.”
“Pois é.”
Viu? Uma amizade sólida criada na base da confiança e admiração.
Ela tudo bem, não vai nunca mais sair comigo. A dos aros, infelizmente, eu tenho que me segurar pra não estourar na cueca, porque essa também, adieu.
E aí tem a SONEIDE.
PQP.

Dia 9 - Os dias estão contados



Hoje é o dia 9 e eu resolvi contar ao som de Chet Baker porque eu estou escrevendo isso.
Aí vai, não sei se isso aqui vai ter relevância para alguém ou se alguém vai ler isso.
Eu disse isso duas vezes (agora três), porque sinceramente é só o que é. Isso.
Eu vou morrer.
Não é doença. Não é doença de morte, pode ser outro tipo de doença. Não sei ao certo.
Mas eu vou morrer de morte matada. Não de morte morrida.
Eu não sou psicografador, nem premoniso o que acontece. Só tô dizendo que vou morrer.
Em um ano. E eu vou me matar.
Vou me suicidar porque acho que minha parte nesse mundo acabou.
Não há a difusão estetica nenhuma nisso, nem vontade de ser o que não quero.
Só ser morto. E assim terminar sendo tudo...
Eu só penso que na idade que estou não alcancei nenhum objetivo até agora (bem yuppie isso) e também não acho que vou deixar minha marca no mundo nem se gozasse em solo fértil.
Eu sou um impotente.
Um Eunuco, e, tenho orgulho disso.
Então daqui até 336 dias, c'est la vie. voilá, capetá!
Vou comer as mulheres que sempre tive vontade, vou ser amoral, vou beber, vou trabalhar no que quero e vou realizar doze sonhos. Doze porque tenho um ano e acho que 100 lugares para visitar antes de morrer e 1001 filmes para ver ia ser um atraso e uma bela duma puxada de perna na dona Morte.
Doze. Um por mês. Sei mais ou menos o que quero. Alguns são desejos infantis outras realizações mais épicas. Você vai acompanhar nos próximos capitúlos dessa incrível saga de um homem morto.
Cara, para de se perguntar porquê! O Jim Morrison, Kurt Cobain, Janis Joplin, Brian Jones e a Sharon Tate todos morreram aos 27 anos e já eram famosos.
Eu não fiz porra nenhuma e acho que já deu, né? Let's go to hell in high tides. 
Au revoir e vamó cagá!

Dia 8 - Entre bananas e seios

Entro no banheiro e sinto um cheiro adocicado de banana.
É lá que fica o lixo da casa. Na verdade o lixo e o resto que é lixo.
O cheiro adocicado de banana invade minhas narinas, a casca amarelada tá enegrecendo na lixeira enquanto eu mijo. Mais um pouco de mim tá se esvaindo em líquido. Graças que não é alcóol.
Na volta, pro quarto, dou uma topada. Na mão, não nos pés. Minha falanges doem com o tapa inverso na cadeira de aluminio. Caralho, eu tenho uma cadeira de alumínio e só me dei conta tentando achar uma palavra melhor do que ferro, porque, eu tenho a mania de querer descrever o mínimo possível do que têm a minha volta sem me perder em detalhes. 
Como o Tolkien. Que se perdia, mas ganhava em descrição. Como Bortolotto. Que se perde em detalhes, mas ganha de mim. Primeiro, pelo simples fato de escrever melhor.
Ok, exercício diurno criado agora.
Uma revista de tattoo com a Mel Lisboa na capa. Tá gostosa demais. Não tenho coragem de bater uma pra ela. Primeiro que a revista é boa demais pra ficar melada e segundo, sei lá, é a Mel Lisboa.
Encima da revista tem meus fones de ouvido com cera. Meu celular riscado e um cartão do Kjá. Um artista de rua foda. Se já é de rua pra mim já é foda. Se pelo menos ousa, já pode tomar uma cerveja comigo. O Kjá merece um engradado. Deixei o cartão dele no bolso da calça e foi pra máquina de lavar. Tá vivo. Dá pra ler tudinho. O cartão é bom.
Têm esse laptop todo fudido. Um dia a tela cai mais um pouco e aí, bye-bye wonderland of internet.
O livro do Histórias Extraordinárias com uma boca meio Gestalt na capa. Não é o do Poe. É brazuca. Razoavel, mas roubei carinhosamente um texto daqui pra fazer como monologo. Espero que o autor ao ler isso, não me processe. Se processar, convido ele pra assistir. Meu PS3. É um PS3. Não tenho comentários. Alguns jogos do lado e DVD da Elis. Uma caixinha de música que toca Let It Be. Dois aros de argola dentro da caixinha de moedas e a TV.
Os aros são interessantes, e aqui termina o exercício.
Como eu ia dizendo e você me interrompeu, os aros são interessantes.
São da menina de peitos perfeitos.
De acordo com ela, tinha 'peitos de um menino'. Terminou que colocou esses silicones e no corpo mignon dela, ficou perfeito. Ela colocou o tamanho 'cabe no meu corpo e na sua boca'. Não é exagerado, é um tesão. Meu pau sobe só de pensar. Além de que, ela têm olhos verdes e uma vontade de dar. De quem chupa você sem medo de onde vai parar a boca, a porra, e até a saliva. De arranhar, morder e acima de tudo querer ser comida. A quantidade de posições em pouco tempo é absurda. Além, é claro do mais importante: Una Muchacha Putana que sabe falar bem, que se misteriosa é mais apetecível, e, assim mais ela.
Falei que era interessante os aros...

Ela vai voltar, vai querer os aros de volta. São dois. eu vou guardar um. Ela vai voltar duas vezes. Vou comer ela mais duas vezes. No total, uma tríplice de fodelança e sinceramente de amor. Caralho. O que eu tô falando...
Amor é a única coisa que não pode ser dita aqui. Isso é a realidade.
Minha mão tá doendo pra caralho.

Dia 2 - O horário de verão mudou

E mudou mesmo. Junto mudou umas outras coisas. Como eu não querer beber. 
Isso tem uma explicação plausível.
Estava organizando uma festa, e eu tava querendo estar ciente do que estava acontecendo. Meio inexplicável?
Eu estava só no ‘refri’ e vim para casa cedo depois da festa. Começou as 19hrs e terminou as 23.30hrs. Cheguei em casa era 2.15. Na verdade, era 1.15 por causa do horário de verão e isso mudou também.
Eu soube disso e fiquei cansado, pronto pra tomar um banho e deitar. Fiz isso.
Aí meu telefone toca e essa é a parte da história que nunca muda. Meu telefone tocou e ela ligou. Ela é a pessoa nova que entrou na minha vida. Ela consegue me deixar louco só de ouvir a voz dela. Quase como a Ella Fitzgerald cantando Summertime. Louco de bom.
Ela beija bem e se concentra nisso. Ela passa a mão onde tem que passar quando sente vontade. Ela só existe há 48 horas e quero que ela exista por 48 dias, semanas e algo assim. Ela é complicada, e, ela me liga de madrugada pra me ver. Pra me dizer que ta com saudade, e cá entre nós, blog e eu; meu pau fica duro só de ouvir a voz dela.
Eu tava dormindo já e ela do outro lado da linha.
‘Onde você ta?’
‘Acabei de chegar em casa.’
‘Acabei de chegar na lapa. Vêm pra cá. Tô no deposíto.’
‘Agora?’
‘Tâ bêbado?’
‘Agora?’
‘Chato.’
‘Deixa eu descansar e eu vou’. O Anderson Silva na TV.
‘Daqui há uma hora eu te ligo pra você vir, heim?’ Chiado no fundo e voz de mulher rindo.
‘Tá bom.’ A Cibelle canta num clipe novo.
‘Quem ta ai?’
‘TV. Deixei ligado.’
‘Tá. Vem...’

Eu vou. Me ergo com o hidratante de dormir e tudo o mais. Ponho roupa, escolho chapéu. Tudo mudou sim. Alguém ta me ligando pra me ver, alguém que pelas atitudes quer me preservar de algo ruim, como tempestade que se aproxima. Não sei. A Pepe está guardada no meu coração. Isso mudou também. Eu não me preocupo com a doença da distância. Eu quero ela. Tô bebendo bem menos, comendo melhor, não que comesse ruim, mas uma dieta de quem quer ficar com um corpo de atleta. Isso é sério. As horas mudaram. E eu to com meu estomago adiantado.
O Celular pisca: ‘Vem logo. *?*’
Eu dormiria se fosse em outros tempos. Eu vou logo.