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Os dias são contados. O Tempo passa. E se caminha cada vez mais como se fosse um diário de um eunuco.

sábado

Superstição

Com dezesseis anos, os touros perdem a audição do ouvido esquerdo. Por muito tempo, foi-se dito que era apenas por um motivo único de superstição. Senão perdessem, não seriam reprodutores fiéis. A verdade é que eles comiam muito capim e aquele vegetarianismo involuntário fazia mal. Na Espanha, acontece a Rapa de Bestas. Todos os cavalos nesse vilarejo são raspado com navalhas, tesouras e estiletes como uma tradição. É uma precaução para afastar maus espíritos do vilarejo e para constituir tradição. Não sei como podemos cumprir o castigo de nunca encontrarmos quem precisamos. Nunca encontrar a pessoa certa. O que preciso fazer além de rir dessas tradições e religiosidades?  Por todos os deuses, me ajoelhar e agradecer? Aceito até deixar a lógica de lado. A partir de agora, todas essas coisas são parte de mim. Mas só para ser feliz.
Como um cigano, tu retificas as linhas de minhas mãos e se enterra no meu corpo com rumores de uma Santeria negra.
Não consigo andar num corredor escuro sem olhar para trás com medo de algum vulto.
Sua calma serena como de Shiva. E a mão que treme de uma curandeira no meio da selva pedindo o mais sacro de todos os bens.
Tua chegada é como o ressurgimento de uma nova língua, um novo país. Um novo cântico folclórico.
Um Poltergeist original que marca minha pele com arranhões invisíveis é assim que você já está gravada na minha vida.
Um Inuit sem teto no meio da nevasca. O Tao do erotismo. Tudo tu controlas com imensa qualidade.
O céu nunca será nosso. Nem o Inferno existe aqui. A bola de cristal já está quebrada. Nem as cartas de Tarot conseguem ler nosso destino. As borras de café não mostram nada nem a piromancia de nossa cama prevê nosso fulgor.
Os cães que ladram lá fora são os únicos que cheiram nossa inútil tentativa descobertas de... será que vai dar certo?
Lá fora, eles nos observam quando passam em bandos de quatro ou cinco atrás de uma cadela qualquer no cio. Param e nos encaram. Eles sabem algo a mais que nem o sexto sentido feminino pode prever. Formulando perguntas que não tem respostas continuamos seguindo. Quero amor. Quero cerveja. Quero ser amado. Pelo amor de deus, isso não tem nada a ver com a porra do amor e a gente tá descobrindo isso a cada século que passa.
Aliás, o que você era na índia? O que você reencarnou no novo reino de Tuthankhamun? Qual parte do lago naquela tribo Polinésia a gente não se esbarrava. Eu agora acredito em tudo. Se tudo der certo. Se tudo, der certo.

-TM / 2015

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