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Os dias são contados. O Tempo passa. E se caminha cada vez mais como se fosse um diário de um eunuco.

sexta-feira

Dia 26 - DDD

Ressaca maldita. Ontem eu fiz o DDD e fazia tempo que não fazia.
Desde quando eu achava que a melhor banda do mundo era Iron Maiden. O que? Quando a gente é criança (leia-se adolescente), não se sabe muito das coisas.
DDD é a combinação fatal de Dreher, Domecq e Drury's. Dorme com essa porrada na sua cabeça.
Decidi viver ontem só para mim. Fiz tudo que queria e fiz sozinho. Desliguei o celular e parti pro cinema.
Assisti um filme brasileiro que conta a história de um metalúrgico que perde o emprego e precisa sustentar a mulher os filhos.
Qualquer semelhança com a realidade é pura verdade.
Realidade de todo mundo, depois fiz uma coisa que adoro fazer sozinho. Sozinho mesmo. Tomar Cappuccino. Sentei num bar chique e pedi. Quando veio assim que tirei todo o chantilly, enfiei a mão no fundo do meu casaco e derramei algumas boas doses de conhaque. Daí me veio a ideia: DDD.
Tomei aquilo tudo e parti pra lapa. Num bar bem sujo, e que eu tinha a certeza que não acharia ninguém, matei minha saudade. O mais incrível e gozado é que eu não disse uma palavra desde que acordei. Grunhidos não contam. Não disse nada até ela entrar com as amigas no bar. Muito arrumadas e perfeitas pra estar ali.
Com um porte demais elitista para o que eu penso que deve ser uma mulher. Acho muito sacana, essa trupês de patricinhas, cheias do riso e saltos altos. Saltos altos, eu curto. Mas em mulher de verdade. Pense o que quizer, mas não acho nada de impressionante alguém que usa a roupa que o pai deu. Que não tem suor, nem gastos pessoais, e que, nunca deve ter tido uma camisa velha pra colocar em casa. Ou seja, nunca teve amor.
O que me impressiona sim e eu gosto de mulheres bem cuidadas é a beleza e o trato que o dinheiro faz. Dinheiro muda tudo. Muda cabelo, cor de pele, modo de falar.
Muda até a recepção do velho nordestino do bar que se abriu todo em sorrisos. A patriçada tava vestida bem puta. Em particular, tinha umas duas que deveriam acordar pensando em pica.
E de todas elas tinha essa, bem magrinha, alta, ou de saltos altos. Com um vestido e uma tattoo no tornozelo. E=MC². Químicazinha. Não advogada, nem pretendia fazer medicina?
Ganhou meu interesse. Além do que, ela me deu uma olhada de lince e um sorriso que eu retribui por educação. Me escorei no balcão e pedi a terceira dose. As meninas se animaram e meio que gostaram do pedido.
"isso é bom?!" A mais nojenta me interpela.
"OI?! É. Bom pra matar germes." Minha primeira frase da noite. Dúvido que ela tomava.
"Eca. Quero vodka mesmo. Tem absolut?" Segurei o riso. Absolut aqui? Póhan.
"Quer uma sugestão? Pega a Natasha que é a única não batizada." Levantei e fui pro banheiro.
Ouvindo um 'Como ele sabe?', que não iria responder mesmo se tivesse perguntado pra mim. 'É a única fechada, ali.' Quero acreditar que foi a químicazinha que respondeu.
Dei uma mijada cabulosa de tremer as pernas e voltei. Quando eu vi, elas estavam todas numa mesa. Aquele não era o lugar delas. Não deveriam estar aqui.
Existe algo muito de errado, quando mulheres felizes e jovens se divertem numa merda de lugar desses. É como roqueiro em baile funk e coisa do tipo.
Mas ninguém diz nada para evitar a fadiga. E lá elas continuaram. Eu me concentrei no meu copo. Que tinha um batom no canto.
'Caralho. que porra é essa?' O do norte só fez referência com a cabeça.
Girei meu corpo pra acompanhar a algazarra e a químicazinha me encarava rindo e nitidamente flertando. Meu pau deu uma subida.
Paguei minha bebida, virei e fui embora. Eis que um impulso me toma. "Foi você que tomou minha bebida, não foi?" A Einstein parou. As meninas também.
"Só um pouco que hoje eu tô dirigindo." "Gostou?" "Forte demais." "É o que dizem bebedores de vodka." Ela riu. "Me dá seu número. Amanhã eu te ligo, pra você tomar algo melhor e de verdade do que vodka." Ela me deu o número. Eu sai andando. Ouvi mais risos e talvez um olhar me vendo indo embora. Quero acreditar que sim. 
Ligo ou não ligo?

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