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Os dias são contados. O Tempo passa. E se caminha cada vez mais como se fosse um diário de um eunuco.

quarta-feira

Dia 28 - "Pensei que fazia Química."

"Arquitetura."
"Serio?"
"Serio. A tattoo é só pela fórmula. ia fazer da caféina, mas quando vi um cara num vídeo com cara de retardado com a mesma, desisti."
"São fórmulas diferentes. Uma é matemâtica e outra é química. Não têm muito á ver."
"É... E daí? Me deu vontade de fazer e eu fiz." Culhões. Isso é o que existia do outro lado da linha.
Pelo vistos, eu liguei. E foi e está sendo bom. Enquanto eu escrevo isso eu olho pra ela dormindo com seus cabelos pretos bem cortados e o perfume. Chance, eu acho na minha pele.
Ela nunca ouviu Blues. Não entende nada de jazz, mas gosta do John Lee Hooker. Ela agora tá nua atravessada na cama num sonho profundo. Os peitos dela são lindos e batem de longe o da 'peitos de menino', que por coincidência e estória retro-pós-parecida, estão lá pelos mesmos motivos.
Além do símbolo químico, na parte onde têm uma marquinha de biquini quase apagada têm outra tattoo. Um planeta estranho. E no pulso, um cometa com um menino encima. O Pequeno Príncipe no corpo da pequena princesa, porque eram saltos mesmo.
Ela toca guitarra pra encher o saco da mãe. Sabe jogar video-game. De tiro. Bebe bem e dirige mesmo com a visão turva e passou a última madrugada depois de muito sexo, deitada no meu colo assistindo filme enquanto tocava uma pra mim.
Você, cara, vou te dizer... Não sei porque tô te falando essas intimidades cheias de nerdices transviadas, mas eu quero.
Ai, nos fomos beber vodka. Tá. Eu juro que queria beber outra coisa. Mas assim que a vi, ela me deu um beijo tão erótico e gostoso que se me convidasse pra uma seita satânico com direito a sacrificio meu, eu aceitava. Até beber gasolina.
Louise. Soa pomposo. Mas, eu gosto.
Bebendo nesse lugar, eu acabei conhecendo um gringo estranho que mora aqui no Brasil há 20 anos e ele têm esse bar meio isolado. Como estava bêbado me deu vontade de conhecer e lá fui eu com a mina de tira-colo. Achei que ela ia cagar no pau por ser um desconhecido.
Ela tava era mais tranquila que eu, que quando chegamos no endereço do Austríaco, era uma rua meio deserta bem na entrada de um morro. Gringos. Go Figure.
A porta era de madeira, daquelas enormes numa casa de pedra, daquelas antigas que parecem que vai cair em alguns minutos. Ao bater na porta, o gringo foi recebido pela suposta mulher, fiquei mais tranquilo por dois motivos. Não tava afim de ser coagido por um gringo a comer a pequena princesa junto com ele e se agora rolasse, pelo menos tinha outra no meio. Mais sussa, mas não queria dividir ela com ninguém. Tudo dentro era reformado. E frio. Bem frio. Mas tinha bastante gente e um palco onde um piano de calda enorme dividia o pequeno espaço com dois músicos. Um na guitarra e outro na gaita.
Meus olhos brilharam ao ver aquela fumaça de cigarro em volta e as cervejas rolando ao som de um blues tradicional do Delta.

Ela adorou. "Nunca ouvi jazz ao vivo." Ela sorriu e me olhou e apesar da minha primeira impressão, descobri ao olhar aquele momento pra ela que não havia nada de extraordinário nela. No sentido de riqueza, eu digo. Ela era filha de alguém que a mimou. Mas, inteligente, curiosa e esperta, essa porrinha de 1,68 cm sabia mais que muita mina cult que já conversei.
Não era patricinha. Não era pomposa. Mas eu ainda gosto do nome e ainda vai se chamar Pequena Princesa. Minha mente. Minhas regras.
Era o que deveria ser. Alguém curiosa, com cheiro bom e vontade de sexo. Que mesmo bebendo á veras, não fica com cheiro de bebida. Acho mesmo que desse fim de semana ela não sai daqui. Primeiro que não deixo. Segundo porque ainda têm um tempinho pra me cansar dela. 
Peraí, tô divagando. Acontece que o Austríaco doido botou bebida pra gente pacas. Não pagamos. Vai saber porquê. E ele ainda queria que a gente ficasse por lá. Seria bom, começar um trabalho mais sossegado num bar desses. Na verdade, se eu me lembrasse onde era. E não tivesse apagado e acordado com um mulher linda encima de mim dando bom dia enquanto subia e descia me mordendo e me beijando, eu iria lá.
Dane-se. Ainda bem.

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