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Os dias são contados. O Tempo passa. E se caminha cada vez mais como se fosse um diário de um eunuco.

quarta-feira

Dia 65 - O Bar



Nós estamos aqui. Todos nós. Todos aqui nesse caldeirão. Todos procurando alguém ou alguma coisa. Então não se escondam seus apostadores de vida dupla. Venham. Seus homens de cabelos repartidos e óculos fundo de garrafa. Todos os viajantes sem destino. Todos os introvertidos que são alvos de risos distantes. Todos os mártires sem motivo.  Venham todos sem exceção. Cada homem desconhecido, cada lenda da noite.
Cada um de vocês que respira e anda não é nada nessa imensidão noturna, esse mar de bares que chegam em vagas.  Venham, pois juntos, somos uma força maior que a Natureza. Juntos somos mais desajustados. Mas somos uma força a se admirar. Uma fonte a se beber.
Todos vocês, venham!
Seus sonhadores com insônia. Seus visionários cegos. Seus pintores de esmaltes e cantores de churrascaria. Venham. Todos vivem aqui. Cada general de cinco estrelas sem família. Cada motoqueiro que se acha motociclista. Cada santo e pecador. Cada ganhador e perdedor. Vocês todos cabem aqui. Tem lugar no balcão. Cada menino aventureiro. Cada mulher que não se sacia. Temos espaço. Para cada um com sua doutrina, suas ideologias, suas religiões, cada um que sofre e sorri, cada caçador sem prêmio e cada carniceiro de espólios. Nós temos espaço para vocês!
Cada criador e criatura. Todo destruidor de lares, reis ou plebeus, jovens ou anciões. Cada inventor e explorador, pessoas com esperança, sofredores de ocasião, cada mãe e pai, todo casal jovem apaixonado que se olha nos olhos e fala baixinho sem perceber o que se passa em volta. Tem uma mesa reservada para vocês.  Os líderes supremos de cozinha. Os “estrelas de rock”. Cada politico corrupto amigo de professores de moral e cívica.
Venham ao menor palco da vasta arena da vida. O bar. Pense nos rios de cerveja derramados nas mesas para que a felicidade e a bebedeira rolassem. Pense nos deuses antigos que querem ser elogiados. Nos santos africanos. Pense nos habitantes que dormem vomitados na esquina, como eles não são compreendidos, e nós assistindo tudo também somos promotores de desentendimentos. De conspirações de mesa de bar. Nossa pose, Nossa autoestima. Nossa assumida auto importância. Nessa vastidão, há espaço para todos nas mesas, colocando moedas na caixa de músicas. Há mais para viver aqui na noite seguinte. Quando a luz se vai novamente e todos nós voltamos.

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