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Os dias são contados. O Tempo passa. E se caminha cada vez mais como se fosse um diário de um eunuco.

quarta-feira

Dia 53 - Aqui os clientes choram



Aí ele estava chorando para os peitos dele. O travesti carinhoso com pachorra necessária o afastava. Ele começou a chorar e sentou a cara nos seios duros do traveco. Quando eu atravessei a rua passei bem perto e reparei na cara do travesti.
Estava com vergonha.
Reparei também no rosto do cidadão. Estava nem ai. E falava, “Me desculpa.” As lágrimas corriam pelo rosto, a baba grudada aos dentes e a boca aberta.
Desculpa quem? Ela. A noite. A Alma estatelada nos peitos. Alguém. Desculpar quem.
Agora já era, Mauro, tu tá fudido. Esse foi o nome que dei a ele. Um Mauro choraria nos peitos de um travesti. Um Antônio se afogaria no mar. Um Arnaldo escreveria poesias. Um Luiz atravessaria a rua encarando os olhos tristes e envergonhados do travesti.
É mais uma noite fria e normal no Bordel Gloria da Sodoma Rio. Aqui os clientes choram.

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